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Filiada do SINDIJUS é destaque na imprensa pela sua história de vida
“Não quero fazer crochê, não quero ficar em casa, quero estudar”, resume Fátima Rachel dos Santos Ricco Wassouf. Aos 63 anos, Fatinha, como é conhecida em Corumbá, está em sua 3ª graduação e, após se aposentar no Fórum da cidade, retornou como estagiária de psicologia para mostrar que “velha é a mãe”.
“Eu estava no meio de crianças de 16, 17 anos quando entrei. Tirando as partes ruins do etarismo, eu me ‘remocei’ com eles, me senti e continuo me sentindo muito feliz estudando”, resume Fatinha sobre a terceira graduação.
Foi em casa que Fatinha aprendeu a gostar de estudar e desde cedo decidiu que não queria ficar para trás em relação ao pai na quantidade de cursos. “Meu pai, que era promotor de justiça, tinha três graduações, sendo direito, economia e jornalismo. Quando fiz meu primeiro curso, falei que não ia ficar atrás dele. Então, com 40 anos, entrei para o Direito”.
E, já sabendo que não demoraria muito para se aposentar, tomou coragem para completar a meta e ingressar na terceira jornada. Fátima explica que a vontade de estudar psicologia já existia há tempos, mas trabalhar em período integral impossibilitava o ingresso, já que os estudos são nos dois períodos.
“Um pouco depois que comecei os estudos, minha mãe foi diagnosticada com câncer e eu me aposentei para cuidar dela. Continuei estudando e entrei na faculdade de psicologia com 57 anos”, descreve a aluna.
No caminho, além dos cuidados com a mãe, ela viu sua própria saúde ficando em risco após ser contaminada pela covid-19. “Veio a covid que me tirou de campo, não consegui me formar com meus colegas em 2021 porque fiquei muito debilitada. Não voltei a dirigir, minha memória ficou fraca, fiquei mais cansada com o pulmão debilitado, tive AVC e afetou o lado esquerdo. Foi bem difícil”.
Hoje, a estudante ainda lida com marcas deixadas pela covid e que são intensificadas conforme a idade passa. “Minha memória piorou muito depois da covid, com a idade o corpo também já não consegue dar o passo que você quer e é por isso que estar firme, me concentrando é tão bom”, comenta.
Apesar de precisar fazer uma pausa, ela seguiu com os estudos e explica que além da saúde, o etarismo também é uma pedra no sapato e das grandes.
“Até no curso de psicologia eu sofri etarismo. Fiz uma pergunta para um professor e ele disse que era sem noção, depois insisti e ele me respondeu. No fim, veio me perguntar o que eu estava fazendo lá sendo que já tenho duas graduações, questionou o motivo de eu não estar viajando, fazendo crochê, cuidando do marido, dos filhos e do neto”, explica Fatinha.
Longe de ser algo isolado, ela relata que questionamentos do tipo sempre retornam e o jeito é continuar repetindo que estar ali é uma decisão sua e de mais ninguém. “Meu pai sempre disse que a gente faz ginástica para o corpo e para a alma, mas e a ginástica mental? Nós precisamos deixar a mente com saúde, ler, participar das coisas”.
Com isso em mente, Fátima até pensa em garantir sua 4ª graduação, mas por enquanto, a ideia é terminar psicologia e aproveitar o neto.
“Vamos ver mais para frente, gostaria de fazer pedagogia, mas agora minha paixão é meu netinho e dá para aproveitar de tudo um pouco. O que eu quero dizer também é que não sou inativa, sou aposentada e não quero ficar parada. Por isso, eu amo estudar, amo estar com as pessoas e com a minha família”.
Por Aletheya Alves | 15/05/2024 07:13 - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
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